Parabéns?

Ontem foi dia do Policial Rodoviário Federal!
Desde cedo recebi e-mail da Assessoria de Comunicação e comecei a ver no Facebook alguns banners legais feitos pelos colegas; algumas imagens incríveis do nosso serviço com frases motivadoras, que poderiam chegar a fazer qualquer um se emocionar se não fosse por um detalhe: toda essa falsa sensação de que está tudo bem e que o efetivo deve ter o Orgulho de Pertencer (clichê inventado pela Direção Geral) é um tanto temeroso.

Sou e "acho que" sempre serei um entusiasta da PRF, mas de um tempo para cá o que se tem visto é Medo de Pertencer, em várias óticas.

A primeira delas é que há muito tem se visto o serviço policial (em todas as Forças de Seg. Pública) ser demonizado pela sociedade. A mídia hipócrita somada a falta de senso crítico de quase que a totalidade do povo, tem nos feito de algozes, quando na verdade nossa razão de existir é garantir a harmonia e bom funcionamento dessa sociedade. Há que se fazer ressalvas, claro, pois uma polícia é formada de gente, e quando se trata desse ser, podemos esperar desde a melhor virtude até o pior defeito.

A segunda, e não menos preocupante, é a ótica de que está indo tudo às mil maravilhas, como no país de Alice. Não está! Hoje o quadro de servidores continua muito aquém do mínimo plausível para execução de todas as tarefas, sejam elas da atividade-fim (serviço operacional), ou ainda os serviços administrativos (que deveriam ser executados por servidores não-policiais com cargos e carreiras próprias, cuja direção geral reluta em tornar realidade). Faltam recursos materiais, falta capacitação (real) continuada, falta valorização do profissional! Valorização em amplo aspecto, não uma rajada diária da frase "Orgulho de Pertencer" no perfil da diretora, nos e-mails vazios, na propaganda institucional de um departamento que sofre males internos.

Hoje para grande parte do efetivo o orgulho é tão somente o de conseguir voltar para casa vivo depois de ter se exposto sozinho (ou em no máximo 2 policiais) num plantão de 24 horas; ou ainda voltar para casa tendo conseguido "produzir" (gerar autos de infração, apreender, prender) mesmo dispondo de raros recursos ao passo que é cobrado como se vivesse num mar de rosas.

 

Sinceramente, para mim a única coisa coisa a comemorar nesse dia foi ter voltado para casa e ver a satisfação de minha esposa quando contei as apreensões desse plantão, mesmo estando em dupla, sem armamento adequado, sem internet 85% do plantão, sem rádio, sem sinal de telefone celular...

Não tem dinheiro no mundo que pague a consciência tranquila. Por falar em pagar, salário defasado e ver mensalmente a redução do poder de compra (mesmo o governo guerrilheiro negando inflação) dá a alguém "Orgulho" de alguma coisa?

Já escrevi em outro texto sobre a conta que não fecha: o PRF é um servidor que produz muito e não custa nada para os cofres públicos!

PRFoxxx