Não chegou a fazer aniversário de 1 mês da interdição de rodovia feita pelo MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) num dos 14 municípios do trecho de nossa circunscrição, e já ocorre novo evento do tipo, só que agora numa das 3 maiores cidades cobertas pela fiscalização (onde fica inclusive a sede da Delegacia PRF).
O curioso não é o lapso de tempo, mas sim a origem dos manifestantes: diversos municípios que NÃO tangem a rodovia federal em questão. Isso mesmo, o movimento é capitaneado por representantes de sindicatos de trabalhadores rurais de muncípios distantes até 200Km da rodovia federal, mas que de certa forma tem influência indireta dela. Deslocaram-se para protestar contra a falta de política governamental para com essa parcela da sociedade, o que é legítimo, o que não quer dizer necessariamente que tenham razão em fazer o que fazem: que é impedir o direito consolidado de ir e vir da coletividade. Se formos partir para o lado filosófico/jurídico da coisa, talvez não cheguemos a lugar algum.
A grande questão em si, é que com o ápice dos movimentos sociais no Brasil, justificados evidentemente, tornou-se um ícone das manifestações o bloqueio de vias estratégicas, sejam urbanas, sejam as rodovias federais.
Diversas são as implicações deste ato, mas no que tange a Polícia Rodoviária Federal, especificamente na nossa circunscrição, as manifestações tem causado um colapso na operacionalização das Unidades Operacionais, quais sejam esses embaraços:
- telefones de emergência (191 ou o fixo do Posto PRF) passam a servir de Disk Informação para a população (acomodada, que não busca a informação onde deveria buscar);
- viaturas e agentes ficam empenhados no local de manifestação, impedindo parcialmente o pronto emprego no atendimento de acidente e ou fiscalização corriqueira;
- não há presença dos órgãos/autoridades requisitados (Incra/Ibama/Chefe do Executivo), restando sob responsabilidade dos agentes todo e qualquer efeito negativo advindo do não atendimento das demandas dos manifestantes;
- além de a indisponibilidade de recursos (sobremaneira o número de pessoal) ser fator limitante para o caso de uma intervenção diante de uma eventual crise instalada.
Esmiuçando as dificuldades: a PRF apenas deveria fazer o "meio de campo", mas os órgãos como o Incra estão "pouco se lixando" para todo esse caos instalado. Isso sem contar que com o citado descaso, a situação tende a se agravar a medida que o tempo passa e as intervenções (por negociadores nem sempre preparados para gerenciar crises) tornam-se cada vez mais delicadas.
Em suma: não basta ter um amplo leque de atribuições explícitas em lei, temos que fazer mágica! Dos bônus colhem-se os louros, mas dos ônus que se apoderem quem tem menos força. Enquanto apresentamos números, tem gente levando holofote, mas hora que a corda aperta, todos os responsáveis nas instâncias superiores se esquivam.
PRFoxxx
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