Era só mais uma madrugada do mês de Junho em um Posto PRF qualquer naquele velho país que faz fronteira com o Brasil e com o Pará...
A equipe de 2 bravos "guardas patrimoniais" realizava expediente administrativo (pois nem só de fiscalização vive o policial), quando de repente um veículo avança em direção a frente do prédio público, realizando frenagem brusca. Lanterna mirada, apenas um indivíduo focalizado; PRFoxxx se aproxima da janela e vê uma jovem com feição degradada, cabelo mal arrumado, fala desconexa.
Ouve as seguintes perguntas: que lugar é esse? Está longe da cidade Xxxxx? Quanto tempo de viagem?
Percebendo o policial tratar-se de uma figura "sem rumo" na direção daquele veículo, solicita a apresentação da documentação de porte obrigatório e ordena o desembarque. Observa ainda vestes desordenadas, dificuldade no equilíbrio e odor etílico, provas admitidas em Direito mais do que suficientes para caracterização da embriaguez por parte da figura em questão. PRFoxxx pergunta então àquela jovem, sua origem e destino; alega ela estar vindo de uma cerimônia de casamento em uma cidade que dista aproximadamente 700Km da capital deste Estado, e que esta capital seria seu destino final. (Ãh, a moça pretendia fazer uma viagem de 700Km embriagada??? Sim). Arguída sobre ter feito ingestão de bebida alcoólica, confirma ter ingerido algumas doses de Champanhe, sem saber precisar quanto. Convidada a realizar o teste de etilômetro, informa ser "acadêmica de direito" (e daí???) e ter mão promotora de justiça, pai advogado (grande ¨&*¨%&#, mas era lorota de bêbada, depois de pesquisar descobrimos ser mentira), dizendo ser sabedora de que o Direito Brasileiro rege que ninguém é obrigado a produzir provas contra si mesmo (uau, bêbada lúcida e usuária do garantismo hipócrita do patético e obsoleto direito penal do país). Reclama de dores de cabeça (causadas pela desidratação em função de ingestão de alto volume de álcool), solicita uns 2 copos de água e resolve curiosamente se submeter ao teste de ar alveolar (vulgarmente chamado de bafômetro) para saber/quantificar o volume de álcool presente no seu organismo. Para minha surpresa, a medição aponta mais do que o dobro do limite inferior de volume para ser considerado crime (Art. 306 da Lei 9.503/97 - CTB).
Voz de prisão dada, agora era começar a realizar os procedimentos administrativos e esperar o horário de expediente para fazer o encaminhamento para a autoridade policial na Delegacia de Polícia Judiciária Civil deste município.
Acontece que nesse ínterim, a autuada resolve mostrar o potencial do champanhe no organismo humano. Ao ser orientada a ir até o automóvel para aguardar o encaminhamento (uma vez que o Posto PRF não dispõe de cela adequada ao recebimento da autuada), eis que a jovem questiona o agente: "não tem uma caminha para eu dormir aí não? aqui está frio; se tiver também uma cobertinha...".
Lembrada de que está numa abordagem policial e que este prédio público não é um hotel, retruca: "vem dormir no carro comigo (...). Com essa .40 você se garante hein. Eu já peguei um policial (Capitão PMMT em Cuiabá, explica), vem dormir comigo!!!".
Mais uma vez, lembrada de estar em situação de prisão em flagrante e da necessidade de respeitar o trabalho policial, parte para novo intento, dessa vez "avançando" sobre o agente, que a repele com técnicas sofisticadas de afastamento de presa (rs), sendo questionado pela autuada acerca de sua situação civil, já que não ostenta aliança.
Já dentro do veículo, a autuada profere algumas frases do tipo: "policial, vem dormir comigo; aqui está friiio". Uma hora cessam os gritos, o procedimento administrativo continuará com tranquilidade, até que...
O champanhe mostra mais das suas formas de transformar um ser humano comum em Meme Rodoviário para minha história: ao me aproximar do veículo para "acordar" a autuada (que já encontrava-se no terceiro sono), observo que a jovem encontra-se seminua dentro de seu automóvel (ora, mas não estava "friiio"?).
Certo constrangimento ao acordá-la para concluir o encaminhamento e apresentação a autoridade policial. Quando já recomposta, pergunto se ela se lembra dos fatos ocorridos há algum tempo, desde o início de sua abordagem até aquele momento; informa se lembrar pouco e incrivelmente agradece a abordagem policial, tendo agora lucidez (de fato) para entender que era melhor ser presa por dirigir embriagada do que lá adiante essa equipe PRF ter sido acionada para atender seu acidente de trânsito...
Bom, presumimos que ali tinha se esgotado o efeito da champanhe. Wrong! mal poderíamos imaginar que viria agora a melhor parte da história: já na Delegacia de Polícia Civil (aconteceram algumas coisas engraçadas durante o encaminhamento, mas melhor pular essa parte), a autuada já dentro da cela teve um surto quando ainda realizávamos as oitivas (parte integrante dos Autos de Prisão em Flagrante). Gritava a moça: "seus vagabundos, me tirem daqui, é muita humilhação. Vocês vão ter que me tirar das ferragens quando eu sair daqui e jogar meu carro na frente de um caminhão!". Nós e a escrivã nos dirigimos a antessala da carceragem e questionamos a jovem acerca das afirmações; momento em que ela cinicamente olhou para nós e com aquele ar de boazinha e disse: "Eu? Não falei nada? Vocês devem estar ficando loucos; eu não disse nadinha!".
Acreditamos que o show tinha acabado por ali. Ledo engano; mais tarde em ligação telefônica a escrivã informou que o surto atingiu níveis estratosféricos, a ponto de ela ter que filmar o espetáculo para apresentar ao delegado como forma de eventualmente rebater alegações quando da oitiva da autuada, que gritava e jurava de pés juntos estar dividindo a cela com um homem e que esse suposto homem estava a tentar estuprá-la (para mim ardil de quem quer inverter o ônus da prova e derrubar a prisão em flagrante alegando arbitrariedade e desacordo às normas de prisão em flagrante, processo penal e etc...).
Curiosamente (e infelizmente), poucas horas depois passa um veículo sentido norte do estado tendo como passageira a jovem (ex-detenta) que teve sua liberdade restituída em função de pagamento de fiança. Deve ter rendido uma boa quantia aos cofres públicos, pois tratava-se de pessoa de alto poder aquisitivo e situação socioeconômica privilegiada (o valor da fiança está, inclusive, em função dessas variáveis).
Para nós, rendeu a satisfação de ter feito um trabalho preventivo: poupamos no mínimo uma vida; evitamos gastos públicos com atendimento de evento acidente automobilístico (com vítima fatal essas cifras estão na casa de dezenas de milhares de Reais), e para meus leitores que tiveram paciência de chegar ao fim do texto, uma história muito peculiar e de reflexão.
Desculpem eu ter me alongado, mas é que com tantos detalhes relevantes, não tive como ser mais breve.
PRFoxxx
Ouve as seguintes perguntas: que lugar é esse? Está longe da cidade Xxxxx? Quanto tempo de viagem?
Percebendo o policial tratar-se de uma figura "sem rumo" na direção daquele veículo, solicita a apresentação da documentação de porte obrigatório e ordena o desembarque. Observa ainda vestes desordenadas, dificuldade no equilíbrio e odor etílico, provas admitidas em Direito mais do que suficientes para caracterização da embriaguez por parte da figura em questão. PRFoxxx pergunta então àquela jovem, sua origem e destino; alega ela estar vindo de uma cerimônia de casamento em uma cidade que dista aproximadamente 700Km da capital deste Estado, e que esta capital seria seu destino final. (Ãh, a moça pretendia fazer uma viagem de 700Km embriagada??? Sim). Arguída sobre ter feito ingestão de bebida alcoólica, confirma ter ingerido algumas doses de Champanhe, sem saber precisar quanto. Convidada a realizar o teste de etilômetro, informa ser "acadêmica de direito" (e daí???) e ter mão promotora de justiça, pai advogado (grande ¨&*¨%&#, mas era lorota de bêbada, depois de pesquisar descobrimos ser mentira), dizendo ser sabedora de que o Direito Brasileiro rege que ninguém é obrigado a produzir provas contra si mesmo (uau, bêbada lúcida e usuária do garantismo hipócrita do patético e obsoleto direito penal do país). Reclama de dores de cabeça (causadas pela desidratação em função de ingestão de alto volume de álcool), solicita uns 2 copos de água e resolve curiosamente se submeter ao teste de ar alveolar (vulgarmente chamado de bafômetro) para saber/quantificar o volume de álcool presente no seu organismo. Para minha surpresa, a medição aponta mais do que o dobro do limite inferior de volume para ser considerado crime (Art. 306 da Lei 9.503/97 - CTB).
Voz de prisão dada, agora era começar a realizar os procedimentos administrativos e esperar o horário de expediente para fazer o encaminhamento para a autoridade policial na Delegacia de Polícia Judiciária Civil deste município.
Acontece que nesse ínterim, a autuada resolve mostrar o potencial do champanhe no organismo humano. Ao ser orientada a ir até o automóvel para aguardar o encaminhamento (uma vez que o Posto PRF não dispõe de cela adequada ao recebimento da autuada), eis que a jovem questiona o agente: "não tem uma caminha para eu dormir aí não? aqui está frio; se tiver também uma cobertinha...".
Lembrada de que está numa abordagem policial e que este prédio público não é um hotel, retruca: "vem dormir no carro comigo (...). Com essa .40 você se garante hein. Eu já peguei um policial (Capitão PMMT em Cuiabá, explica), vem dormir comigo!!!".
Mais uma vez, lembrada de estar em situação de prisão em flagrante e da necessidade de respeitar o trabalho policial, parte para novo intento, dessa vez "avançando" sobre o agente, que a repele com técnicas sofisticadas de afastamento de presa (rs), sendo questionado pela autuada acerca de sua situação civil, já que não ostenta aliança.
Já dentro do veículo, a autuada profere algumas frases do tipo: "policial, vem dormir comigo; aqui está friiio". Uma hora cessam os gritos, o procedimento administrativo continuará com tranquilidade, até que...
O champanhe mostra mais das suas formas de transformar um ser humano comum em Meme Rodoviário para minha história: ao me aproximar do veículo para "acordar" a autuada (que já encontrava-se no terceiro sono), observo que a jovem encontra-se seminua dentro de seu automóvel (ora, mas não estava "friiio"?).
Certo constrangimento ao acordá-la para concluir o encaminhamento e apresentação a autoridade policial. Quando já recomposta, pergunto se ela se lembra dos fatos ocorridos há algum tempo, desde o início de sua abordagem até aquele momento; informa se lembrar pouco e incrivelmente agradece a abordagem policial, tendo agora lucidez (de fato) para entender que era melhor ser presa por dirigir embriagada do que lá adiante essa equipe PRF ter sido acionada para atender seu acidente de trânsito...
Bom, presumimos que ali tinha se esgotado o efeito da champanhe. Wrong! mal poderíamos imaginar que viria agora a melhor parte da história: já na Delegacia de Polícia Civil (aconteceram algumas coisas engraçadas durante o encaminhamento, mas melhor pular essa parte), a autuada já dentro da cela teve um surto quando ainda realizávamos as oitivas (parte integrante dos Autos de Prisão em Flagrante). Gritava a moça: "seus vagabundos, me tirem daqui, é muita humilhação. Vocês vão ter que me tirar das ferragens quando eu sair daqui e jogar meu carro na frente de um caminhão!". Nós e a escrivã nos dirigimos a antessala da carceragem e questionamos a jovem acerca das afirmações; momento em que ela cinicamente olhou para nós e com aquele ar de boazinha e disse: "Eu? Não falei nada? Vocês devem estar ficando loucos; eu não disse nadinha!".
Acreditamos que o show tinha acabado por ali. Ledo engano; mais tarde em ligação telefônica a escrivã informou que o surto atingiu níveis estratosféricos, a ponto de ela ter que filmar o espetáculo para apresentar ao delegado como forma de eventualmente rebater alegações quando da oitiva da autuada, que gritava e jurava de pés juntos estar dividindo a cela com um homem e que esse suposto homem estava a tentar estuprá-la (para mim ardil de quem quer inverter o ônus da prova e derrubar a prisão em flagrante alegando arbitrariedade e desacordo às normas de prisão em flagrante, processo penal e etc...).
Curiosamente (e infelizmente), poucas horas depois passa um veículo sentido norte do estado tendo como passageira a jovem (ex-detenta) que teve sua liberdade restituída em função de pagamento de fiança. Deve ter rendido uma boa quantia aos cofres públicos, pois tratava-se de pessoa de alto poder aquisitivo e situação socioeconômica privilegiada (o valor da fiança está, inclusive, em função dessas variáveis).
Para nós, rendeu a satisfação de ter feito um trabalho preventivo: poupamos no mínimo uma vida; evitamos gastos públicos com atendimento de evento acidente automobilístico (com vítima fatal essas cifras estão na casa de dezenas de milhares de Reais), e para meus leitores que tiveram paciência de chegar ao fim do texto, uma história muito peculiar e de reflexão.
Desculpem eu ter me alongado, mas é que com tantos detalhes relevantes, não tive como ser mais breve.
PRFoxxx
Que absurdo!
ResponderExcluirBêbada, piriguete, suicida ou assassina...
Fantastico.. essas historias são fodas!
ResponderExcluirParabéns!
É por isso que dizem: "policial ganha pouco mas se diverte!"
ResponderExcluirQue situações, hein?!
Obrigado por compartilhar mais esta história conosco
Boa sorte!
Eu é que agradeço o feedback! Isso que motiva a escrever sempre. Abraço
ExcluirFala PRFoxx.....Grande história e obrigado pelos detalhes, pois assim conseguimos até "enxergar" as cenas e os fatos acorridos....rs....Parabéns pleo trabalho e nos motivar sempre.
ResponderExcluirLembre-se que falta aquela história de terror ou suspense que disse ter inúmeras...kkkk
Abraço.
Owl Road
Vou ficar t devendo a história da "mão-preta", hahaha; >não consegui fechar a história bem certinho, aí ficaria ruim contar pela metade. Só p vc ter uma ideia: caminhoneiro para de madrugada na frente do posto PRF e desce correndo, pedindo socorro falando que tinha uma "mão-preta" vindo do teto ao parabrisa, que poderia ser alguém tentando atacá-lo. Delírios de drogas!
ExcluirCara, cada uma que aparece!
ResponderExcluirMas a sensação de dever cumprido deve ser ótima!
Estou só aguardando a nomeação para ser teu colega, PRFoxxx, e poder vivenciar essas experiências!
Grande abraço.
Estamos te aguardando aqui na pista e espero que possa compartilhar conosco as suas histórias tb. Abraços
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