Ontem após 3 dias de treinamento de capacitação/atualização, lá estava eu a beira do tanque lavando meu uniforme imundo, meus 2 pares de coturnos velhos e meu equipamento empoeirado e esfolado quando comecei a filosofar.
Pensei: nossa, tanta gente que me vê ali de pé na pista (onde tem um sol para cada policial) e não é capaz de imaginar o que fiz/faço para estar na rodovia "pronto para" e "em condições de" bem servir a sociedade.
Não é só a Human Rights ou outras ONGs de meia-tigela míopes e covardes (que tentam sustentar o rótulo de defensoras de um mundo melhor) que assim me vêem como mais um dos 10.000 PRFs (esse número pífio); é você aí que para seu veículo num semáforo de madrugada e vê uma viatura da PM fazendo ronda, que vê uma Guarda Civil e acham que eles só cuidam do trânsito... Já dizia minha mãe: todo mundo só vê onde estamos, mas não vê o que passamos para ter chegado lá.
O curioso é que nessa mesma hora me lembrei de um conhecido meu, que fez faculdade (pelo menos se manteve na graduação sem ser jubilado) comigo e que imaginei seria um profissional da ciências agrárias como todos os outros que estavam ali "gastando" dinheiro público. O Delta Golf é filho de jornalistas, nascido em um lar provido de recursos e por obra e graça da genética nasceu de pele preta (o nome da cor é preta e biologicamente falando não existe "raça negra" - a não ser o grupo de pagode) como seus pais. Não foi escravo, não remou em porão de navio negreiro e, mesmo tendo o dinheiro que tem, nunca se interessou em fazer uma viagem à África (para visitar os países de cultura escravagista, onde uma tribo escravizava a outra e vendia os jovens/homens para os portugas, enquanto estupravam as adolescentes/mulheres).
Mesmo assim Delta Golf entrou naquela onda de bicho-grilo de universidade pública (ainda mais sendo a UnB o que é) e se enturmou com a galera alternativa. Militou em favor dos "negros" (preto em espanhol é negro, mas estamos no Brasil, falamos português...), militou em favor do MST (mesmo pegando seu carro todo dia e voltando para sua confortável casa no Lago Norte - região nobre de Brasília) e mais ultimamente enquadra-se na categoria zé povinho virtual, que faz campanha no Facebook pelo fim do Auto de Resistência e outras presepadas do tipo.
Delta Golf me conheceu relativamente bem na graduação, tenho por ele certa admiração, até porque é um sujeito de inteligência acima da média. É justamente por acreditar nessa sua inteligência que eu me frustro em imaginar que a cada campanha dessa que ele difunde, cada comentário/manifestação de sua parte ele esqueça que conheceu gente como eu. Que coloque todos no "mesmo saco" quando fala de uma polícia que só existe para matar em nome do Estado, que é uma instituição (na verdade são várias, mas eles não sabem discernir) com única e exclusiva função de limpeza étnica (para zé povinho virtual, todo preto é pobre e todo pobre é preto, bem como só quem morre em conflito é preto e por aí vai o blablabla de que aqui temos a polícia mais letal do mundo).
Delta Golf precisaria de alguns anos (acredito que nem toda sua vida será suficiente) para começar a entender de segurança pública com visão de mundo real, pois atrás de uma tela de computador ou coberto por uma camisa vermelha com o rosto de Che Guevara fica praticamente impossível de ele imaginar como é o lado de cá. Horas na frente do computador não o deixariam com os olhos ardendo como os meus estavam quando recebi um jato de spray de pimenta na capacitação para uso desse dispositivo de menor potencial letal (porque os DH sugerem que sejamos cobaias na capacitação que é "para não banalizar o uso do equipamento/armamento". O uniforme vermelho que eu estava lavando na hora que decidi fazer essa publicação, não tem rosto de revolucionário bolivariano, tem a cor da terra onde eu tive que me jogar e rastejar enquanto segurava armas e realizava tiros reais simulando confronto com os marginais que você defende quando milita pelo fim do Auto de Resistência, Delta Golf. Os coturnos surrados e o equipamento (colete balístico, cinto, coldre, porta-objetos e etc) que eu estava lavando é para minha apresentação pessoal como "cão do Estado, opressor e cruel" como você me conheceu na graduação, lembra? Acho que não, mas dos seus parceiros de grupos de discussão sobre reforma agrária que hoje são segunda linha (nunca vão para o fronte) do MST, tenho certeza que por eles tem enorme admiração.
Sobre os Autos de Resistência
Sinceramente acredito que não tenham policiais na sua família, pois do contrário você saberia a diferença entre aquele que confronta o Estado, que mata por dinheiro, que é violento ao extremo para conseguir uma pedra de Crack, daquele que abre mão do convívio com a família para se capacitar, para aperfeiçoar as técnicas e oferecer um serviço de qualidade para a sociedade, daquele que poderia estar lá na sala brincando com o filho como eu, mas estava a beira de um tanque dando um trato no equipamento e fazendo manutenção no armamento. Armamento? Para que armamento? Se na sociedade que você acredita estar vivendo o policial não tem o dever de te proteger, de se proteger (tem que esperar vir o primeiro tiro para poder reagir)? Para que Auto de Resistência, se é mais fácil condenar sumariamente um policial que matou em confronto (isso se ele ficar vivo após o primeiro tiro, o do bandido)? Para que deve existir o devido processo legal se estamos tratando de polícia, que é instituição feita de seres desumanos, que não tem família, sentimentos, não tem vida?
É meu amigo (amigo o caralho, ninguém quer ser amigo de policial), torço, rezo e trabalho todos os dias para que pessoas como você não tenham que aprender da pior forma como é que as coisas funcionam aqui no mundo real. Infelizmente algumas pessoas não voltam para contar a história e ajudar a fazer história quando são vítimas da violência, e pode ter certeza que quase a totalidade dessas pessoas não estavam nas linhas de um Auto de Resistência, pois eram cidadãos de bem e não um filho da puta que "perdeu" ao enfrentar uma polícia capacitada, formada por combatentes que tomam spray de pimenta na cara, tiro de Taser ou ralam dias seguidos num estande de tiro com armas calibre .40 para enfrentar os protegidos dos DHs que desfilam com fuzis 7.62.
PRFoxxx
PRFoxxx
Excelente texto! Parabéns!!!
ResponderExcluirsó um comentário, interrogativo:
ResponderExcluir"quando este antigo "amigo" de graduação é refém de um assaltante que queria rouba-lo, por exemplo, mas a polícia chegou, o que ele mais deseja nesse momento?"
Bom post PRFoxxx
Abraço!
Pois é Owl Road, me fiz essa mesma pergunta.
ResponderExcluirSerá que ele espera a ajuda do "Batman"?
Muito bom P.R.Foxxx!!
Parabéns!
Abraço.
Recomendo as aulas do professor Olavo de Carvalho. Excelente para compreender sobre essa doutrinação marxista nas universidades.
ResponderExcluirRecomendo as aulas do professor Olavo de Carvalho. Excelente para compreender sobre essa doutrinação marxista nas universidades.
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