sábado, 30 de abril de 2016

Estamos de volta

Prezados e fiéis leitores, primeiramente gostaria de pedir desculpa pela ausência por esse longo período.
Fatores pessoais e profissionais causaram esse afastamento, porém isso não pode servir de "muleta" para eu me escorar ao pedir vossa atenção novamente. Os problemas de ordem pessoal, acredito não ser conveniente detalhar, porém os de cunho profissional, ah, esses sim dariam um livro nesse meio tempo de afastamento das publicações.
Num primeiro momento, parei de escrever por puro desgosto acumulados em longos meses de negociação salarial (correção). Desde o ano passado o governo intransigente vem travando uma dura queda de braço com o funcionalismo público, em especial o Executivo Federal (já que o legislativo e o judiciário meio que tem "vida própria" nesse sentido). Proposta pífia (para não dizer infantil e desrespeitosa) com vários dos órgãos que pleitearam o reajuste (não entenda como aumento) previsto na Constituição Federal. O governo simplesmente divulgou um índice de inflação subestimado (inferior a 9% em 2015) e para piorar, ofereceu uma contrapartida de 4,5% que, além de não chegar perto sequer de compensar a perda do poder de compra, ainda funcionaria como um "cala boca" por mais 4 anos. Sinceramente, não tem como considerar isso como uma chacota com aquele que se propôs a jogar a regra do jogo, estudou e passou num concurso disputado, serve à sociedade e de uma hora para outra vê a regra do jogo mudar unilateralmente para satisfazer os caprichos de uma chefe do Executivo Federal que toca uma carroça morro abaixo, sem rédea e se freio, apoiada por um Ministro da Justiça que sempre subjugou essa força de segurança pública, além de um Ministério do Planejamento que mais parece uma cuia de chimarrão, passando de mão em mão num piscar de olhos. Sinal claro desse jogo de empurra é a tática de marcar reuniões para agendar reuniões, para receber a proposta, para agendar nova rodada de negociações que no fim das contas não decidem nada; pura protelação.
Chega! Todo trabalhador cansa de ser enrolado, sobretudo quando o "embromador" é uma pessoa como J.E. Cardozo, o mentiroso (ah, o famoso vídeo em que brada que a PRF deixaria de ser a prima pobre no Ministério da Justiça); que no auge (até então) de sua pirraça institucional chegou a criar um documento intitulado Ordem Interna ameaçando os servidores (principalmente os que estão no estágio probatório) de demissão caso não trabalhassem mantendo as médias históricas de produtividade; ao passo que o serviço sempre foi executado muito além do "previsto na cartilha". O que o nobre Ministro quis com isso: evitar um movimento paredista. Mas que movimento paredista? Desde quando evitar dar o sangue na pista sem ter minimamente condições de fazê-lo é movimento paredista? Desde quando trabalhar sem Instrumentos de Menor Potencial Ofensivo (obrigatórios pela legislação vigente) é movimento paredista? Desde quando evitar fazer abordagem com inferioridade numérica é movimento paredista? Por aí vai...
Tem gente que vive fora da casinha eternamente; precisava parar o carrossel no Olimpo e dar uma pisadinha aqui no mundo real para ver como a banda toca!
Não bastasse o chilique do chefe supremo ultra power, ainda veio fogo amigo de onde nunca deveria ter vindo, mas claro, para se manter na cadeira, tem gente que também não sai do país das maravilhas para lutar o bom combate com seus pares. Fica lá, com as estrelinhas querendo pular do ombro e num dos últimos suspiros chega a querer usar setores da própria PRF para dissuadir o efetivo na luta por justiça e derrocar o movimento de efetivo nunca antes visto na história dessa polícia.
Nesse furacão chamado campanha salarial, onde entra esse pobre (em ambos os sentidos) servidor? Não sou sindicalista (e se algum dia inventasse de ser, não ia dar coisa que presta, hahaha) nem tampouco estava no corpo a corpo. Participava somente de grupos internos nos quais vi muita união, mas também o lado podre de muitas pessoas. Li muito, briguei bastante (novidade, hahaha), aprendi muita coisa, mas me afastei. Me desliguei de tudo porque estava adoecendo. Minha vida social estava afetada pelo momento e pela imersão em que eu acabei me acometendo, mesmo sem querer.
Decidi então fazer uma introspecção e decidir o que seria melhor para mim. Estava praticamente decidido a não escrever mais no Blog (inclusive porque tem agente duplo/leva-e-traz doidinho para ver rolarem cabeças como a minha); saí de quase todos os grupos de discussão (sindicalismo, policiamento especializado e etc), mas (in)felizmente não consigo largar a polícia: primeiro porque é meu emprego e dá sustento à minha família; segundo porque mesmo tomando na cara todo dia e toda hora como um cachorro de rua, quem escolhe polícia é porque tem polícia no sangue e mesmo com a remuneração defasada, não deixa de honrar o uniforme que veste (a administração pública superior conta com isso para pisar na gente).
Inevitavelmente o Blog está atrelado a isso e não posso deixar de vir escrever, ainda mais porque recentemente recebi algumas cobranças a respeito desse afastamento. Só para constar apesar de não estar publicando mais, eu sempre lia os comentários e bolava novas publicações; infelizmente abortei algumas histórias legais de plantões recentes - não é porque parei de escrever que o serviço parou também, muito pelo contrário, a demanda só aumenta, pois como diz um amigo: "o crime não pára, parceiro".
É isso aí, desculpem me alongar, mas é que fica difícil dar uma satisfação sendo vago ou sucinto demais.
Mais uma vez obrigado pela fidelidade!

PRFoxxx

9 comentários:

  1. Grande PRFoxxx. Inspiração não se encontra em todo lugar e aqui, embora há seus relatos dos problemas internos, sempre encontro motivação nas entrelinhas. Esses problemas, creio eu são em todos os seguimentos: muita gente só penso em si - esquecem da coletividade. Esse papo de largar o emprego que sustenta a família eu conheci um outro lado onde fizeram de tudo para me colocar para fora (não quis fazer parte da "penelinha"), mas ainda estou atuando. Contudo, isso - pra mim - foi um estopim para dá uma guinada na vida (focar) e essa guinada está relacionada em me efetivar operacional. Digo efetivar porque a vontade existe desde longa data e a falta de emprenho, creio eu, é o grande limitador para a realização desse sonho. Obviamente o dinheiro proveniente do emprego é quem patrocinou a aquisição de alguns livros e pagou a internet que foi a via para o download de alguns cursos online da PF e PRF. Agora é sangue no olho para ver tudo! Obrigado pelo retorno! Grande abraço!

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  2. Cara fico ate preocupado com isso, tenho muita vontade de ser PRF e torço por melhorias tanto salariais como estruturais.

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  3. E que tempo fora! Já estava estranho (e preocupante) abrir o navegador e por meses ler a mesma (boa) história das botas, hehehe... Como o colega acima disse, esses problemas existem em todos os segmentos, e com certeza, como você mencionou, o que te faz ir em frente vai muito além da remuneração, pois quem escolhe ser polícia, tem polícia no sangue, e vai honrar o trabalho pra ajudar as pessoas!
    No aguardo de novas publicações!

    Abraço!

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  4. Muito bom!! Estava sentindo falta de suas postagens. Grande abraço.

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  5. Primeiramente, parabéns pelo blog. PRFoxxx, eu fui policial civil por 8 anos e atualmente sou servidor da Justiça Eleitoral, mas pretendo retomar a carreira policial e a PRF é a opção. Então, se for possível gostaria de saber algumas informações do cargo. Vi que a carreira é divida em classes, então pergunto se a promoção é condicionada a existência de vagas ou é automática? vi tb, tempos atrás, que a promoção dependia da soma de pontos acumulados pelo PRF(quantidade de multas aplicadas etc), isso é verdade? desde já agradeço.

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    1. Olá Souza, obrigado pelo comentário. Em 1º lugar, importante diferenciar progressão e promoção (que quem ainda não é servidor público, talvez não saberá).
      Uma nova regulamentação (nova, pois a antiga era do ano de 1980) de 2014, prevê que todos os servidores possam se desenvolver na carreira, e não mais 50% como era antes; isto por si só já é um baita avanço.
      A avaliação individual toma algumas variáveis e seus respectivos pesos. A situação que o Sr cita, "pontuação por multas" é uma ideia distorcida que em parte foi produto de uma imprensa irresponsável há algum tempo. A produtividade do servidor leva em conta procedimentos operacionais diversos (auxílio a usuário, orientação e controle de tráfego, atendimento de acidentes, prevenção/repressão de crimes e etc). O bom desempenho e cumprimento das atribuições do cargo, além de aproveitamento no Teste de Aptidão Física anual (obrigatório para quem está inscrito no programa de educação física institucional).
      Tentei ser claro...
      Eu que agradeço o comentário! Abraço

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  6. Estamos acompanhando a novela a desenrolar... Mas peço que não nos abandone; pois mesmo sabendo de todos os problemas que acometem a classe, não deixo um dia de sonhar em pertencer! Seus posts nos motivam!

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    1. Bom dia Fabrício, posso parecer chato, mas por favor, não seja mais uma vítima do "Orgulho de Pertencer". Esse é um mantra da atual direção geral da PRF q foi impregnado nos servidores mais novos e que acabou virando logomarca nos canais oficiais no Facebook, Instagram e etc. O "ODP", como é conhecido por nós, traduz uma doutrinação bizarra dessa Era que tenta fazer o efetivo acreditar em dias melhores, mas sem efetivamente tornar esses dias melhores, vide a publicação que farei a seguir dessa (estou bolando ela enquanto te respondo).
      Sonhe em ser servidor público pela estabilidade, independente do órgão. Substitua o "pertencer" pelo "fazer parte", que pode não parecer, mas são coisas muito distintas.
      Abraço

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