segunda-feira, 26 de maio de 2014

Mais uma lambança

É com vergonha alheia que decido escrever essa publicação.
É com estarrecimento que recebi e repasso a informação de que MAIS UMA VEZ a Polícia Rodoviária Federal permitiu que acontecesse uma trapalhada em concurso público!

Vamos puxar da memória os episódios mais recentes:
- Concurso para Agente Nível Médio, ano 2008. Escolha da NCE/UFRJ, instituição com amplo histórico de falhas em execução de concursos e fraudes.
- Concurso para Agente Nível Superior, ano 2009. Escolha da Funrio ("coincidentemente" também do RJ).

Dessa vez o concurso para provimento de 216 vagas do quadro Administrativo teve como executora a Funcab, sem nenhuma surpresa, mais uma instituição do Rio de Janeiro. Não, esse comentário não é bairrista; é simplesmente uma constatação de que concursos com escolhas "escusas" de instituições do RJ tendem a resultar em fraude. Não pelo estado, não pelas pessoas, não por algo palpável, mas sim por aquela questão holística de "eu já sabia", algo quase que como uma intuição de (ex) concurseiro.

Vem a pergunta: se com a disponibilidade de tantas instituições com consolidado know-how na execução de concursos (dentre os maiores e mais disputados do país), qual o objetivo da "escolha" de uma promotora sem nenhuma expressão em nível nacional, propensa a ter problemas quando da aplicação de provas?

"PRFoxxx, por que você afirma isso?" Simples! Instituições como o Cespe, por exemplo, já tem todo um organograma para execuções de concursos que abrangem o país todo, tem um quadro fixo de colaboradores (fiscais e chefes de sala) com treinamento para aplicar provas, tem coordenadores locais (em Brasília) que são enviados para os estados de aplicação das provas, e dali são responsáveis por "manter o padrão", ainda que descentralizada a aplicação das provas; ainda, porque tem segurança na confecção e distribuição das provas.
"PRFoxxx, como você sabe essas coisas do Cespe?" Fiz parte do quadro de colaboradores da instituição por 7 anos. Participei da aplicação de inúmeras provas de diversos concursos, desde o mais simples até o mais complexo, de ver candidato sair surtado da prova (rs). Nesse tempo acumulei certo conhecimento do que é o Cespe, uma empresa séria, com provas diferenciadas, com execução de certames dentro do previsto por um candidato sério, que deseja uma organização séria, com provas que privilegiem o conhecimento e o raciocínio, não a memória.

A quem interessa um concurso com falhas na execução, onde fiscais mercenários mal treinados (se é que são treinados) ficam a conversar nos corredores, onde não há acompanhamento do candidato quando da saída de sala de provas (para ir ao banheiro, por exemplo), onde há edital com ambiguidade e ou espaço para interpretação duvidosa das suas diretrizes?
A que instituição policial interessa receber servidores oriundos de um concurso passível de fraude? Esses "servidores" que passaram por uma "peneira" escancarada são o que a sociedade espera?

Seria isso um tamanho amadorismo ou há algum propósito escuso implícito?
Sinceramente, não dá para entender a recorrência desse tipo de "falha" quando a Polícia Rodoviária Federal se propõe a fazer um concurso. A credibilidade da instituição despenca, a motivação do servidor se esgota, a sociedade padece, pois aspira à segurança, mas se essa segurança some desde o momento em que se pretende preencher um quadro de servidores, o que se pode esperar quando da execução da atividade desse órgão que faz parte do Ministério da JUSTIÇA?


PRFoxxx

5 comentários:

  1. A entidade executora não é licitada? Se sim, o erro tá no termo de licitação, que leva em consideração apenas o preço.
    Se a empresa oferece o menor preço, não há justificativa para não contratar.
    Aí acontecem as porcarias...

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    1. Não há licitação. Por lei há a dispensa de licitação.
      Eles fazem isso de propósito mesmo.

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  2. Não fiz essa prova, mas vários amigos fizeram e relataram as mesmas falhas, uma bagunça geral.
    O cara se prepara durante meses (ou até anos) para chegar esse momento e quando chega vira essa confusão toda. Além de ser irresponsável é uma falta de respeito com os futuros PRFs.
    Espero que na prova para Policial volte a ser o Cespe, estou me preparando como nunca e seria psicologicamente terrível saber que seria uma banca dessas a realizar a prova.

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  3. Sem falar no concurso de 2013, que provavelmente tem o maior número de candidatos sub judice da história de concursos (200 que já fizeram o CFP, fora os que estão no cadastro reserva) dada a cagada feita nos exames médicos....

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