sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Enquanto isso na sala da Justiça...

Quem é do meu tempo deve se lembrar dessa clássica frase. Assim pensei quando li o texto abaixo, originado de uma sala especial lá do Olimpo, onde a divindade suprema não tange essa vida aqui debaixo, do patamar da realidade cruel, fatídica e vergonhosa, que enoja qualquer ser humano médio, sobremaneira aqueles que se propõe a trabalhar por "justiça e ordem social", mais conhecidos como otários, ops, polícia.
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Uso de algema em abordagem policial para verificar licença de veículo é abusivo
24 de setembro de 2014, 19:46

Por Jomar Martins


A Súmula Vinculante 11, editada pelo Supremo Tribunal Federal, admite o uso de algemas só em casos de resistência, de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física. A excepcionalidade de seu uso tem de vir justificada por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade, e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado. Essa interpretação levou a 9ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul a confirmar sentença que condenou o estado a pagar indenização por danos morais de R$ 10 mil — equivalente a 15 salários-mínimos — a um condutor de moto algemado em abordagem considerada abusiva na comarca de Bagé.

O colegiado, assim como o juízo de origem, entendeu que os direitos de personalidade do autor foram violados, já que, além das lesões corporais, ele experimentou dor física, situação aflitiva, angustiante, vexatória e profundamente constrangedora.

A juíza Célia Cristina Veras Perotto, da 2ª Vara Cível de Bagé, disse que o autor da ação indenizatória não obedeceu de imediato a ordem de parar dada pelos policiais (Crime de desobediência caracterizado), justamente porque não havia estacionamento vago na avenida (desculpa patética). Entretanto, o condutor, tal como havia sinalizado aos policiais, pararia a moto mais adiante, numa rua menos movimentada (Acredite quem quiser). A atitude, a seu ver, não significa desobediência (A palavra do infrator pesa mais do que a presunção de legitimidade do agente público).

‘‘É manifesto o excesso na ação policial, quando ausente justificativa plausível para tanto, já que a mera desobediência ou ‘alteração emocional’ não importa na adoção de medida mais brusca, como a adotada pelos policiais’’, escreveu a juíza na sentença. (Com absoluta certeza, meritíssima, lá no seu planeta)

O relator do recurso no TJ-RS, desembargador Miguel Ângelo da Silva, ponderou que se o autor parou o veículo em face da abordagem e não deu sinais de que fugiria, não se poderia falar em resistência à ação dos agentes. Assim, a exigência da imediata revista pessoal já denota atitude abusiva e desarrazoada. ‘‘Natural, assim, que o autor ficasse alterado e inconformado com essa exigência descabida (De dentro de um gabinete e desconhecedor de níveis de alerta de abordagem, fácil concluir em favor do infrator) — de que procedesse como se fosse um foragido da Polícia ou um delinquente qualquer’’, anotou no acórdão.

De acordo com o desembargador-relator, os agentes públicos devem atuar com cautela e bom senso no exercício do poder de polícia, abrindo mão de meios exorbitantes ou desproporcionais, sob pena de se caracterizar ilícito ou excesso capaz de ensejar a responsabilização civil do Estado. O acórdão foi lavrado na sessão do dia 27 de agosto.

Segundo a petição inicial, no dia 21 de setembro de 2011, por volta das 11 horas, quando trafegava com a sua motocicleta pelo centro da cidade de Bagé, o autor da ação indenizatória percebeu que estava sendo seguido por uma viatura da Brigada Militar. Um dos policiais, aos gritos, teria lhe dirigido as seguintes palavras: ‘‘Encosta, encosta essa merda, vagabundo!’’ A ordem era para parar a moto no meio da avenida. Como o tráfego estava intenso, o autor avisou que entraria numa rua transversal e estacionaria, o que efetivamente fez (Aí estacionou atrás do trenó do Papai Noel).

Na abordagem, os policiais pediram, por duas vezes, para que ele levantasse as mãos e virasse de costas — procedimento padrão de ação policial. No entanto, o abordado reagiu: ‘‘Não vou levantar as mãos porra nenhuma, não sou nenhum bandido; o que vocês estão pensando?’’ (O que o policial está pensando no momento da abordagem de um infrator, que gera suspeição, pode ter objeto de ilícito ocultado - por exemplo uma arma, age com resistência passiva e comete desacato implicando numa elevação de nível de alerta, que justifica, por conseguinte, procedimento de uso moderado da força compatível, regulamentado por instrumentos legais/acordos internacionais do qual o Brasil é signatário e as doutrinas policiais vigentes estão em acordo?)

Como se negou a obedecer e com o ânimo alterado, o condutor foi contido e imobilizado por meio de algemas (uso justificado - explícito), ocasião em que acabou empurrado contra uma árvore. Enquanto se debatia, era xingado pelos policiais, com palavras de baixo calão, além de receber dois socos nas costas e na cabeça e ter as mãos torcidas (O Papai Noel também o xingava... Controle de contato é medida prevista para resolução de Resistência Passiva, quem dirá ativa, que foi o apresentado na ocasião). O incidente foi presenciado por vários transeuntes.

Depois de dominado, ele ficou trancado dentro da viatura por aproximadamente uma hora e meia, sendo liberado após assinar termo circunstanciado. Nos dias que se seguiram, ele foi seguido por um dos policiais que participaram da operação de abordagem.

Após a citação da 2ª Vara Cível da comarca, o estado do Rio Grande do Sul (Se não fosse nesse estado ou no vizinho Santa Catarina, eu duvidaria - pós-conceito) apresentou contestação. No mérito, sustentou que a licença da moto estava vencida e que o autor da ação não obedeceu a ordem de parada, o que tornou a sua atitude suspeita. Como se negou a ser revistado e a cumprir qualquer ordem das autoridades policiais, teve de ser imobilizado contra uma árvore e algemado.


PRFoxxx

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

I have a dream

Ontem em uma conversa despretensiosa rememorei um fato que marcou e marcará para sempre a minha vida, então resolvi compartilhar com meus fieis leitores para que sirva de provocação, quiçá um incentivo para alguém que um dia irá se acertar na mesma profissão que a minha, mas se for diversa, também terá valido a pena o meu exemplo.

Sonho: Para a ciência, é uma experiência de imaginação do inconsciente durante nosso período de sono. Para Freud, os sonhos noturnos são gerados, na busca pela realização de um desejo reprimido; Para a psicanálise o sonho é o "espaço para realizar desejos inconscientes reprimidos". - Wikipédia

SONHE

Para PRFoxxx, sonho era aquela vontade de servir nessa Força de Segurança Pública admirável que é a Polícia Rodoviária Federal. Era aquele molequinho que adorava ver os Chips na TV e tinha como brinquedo uma miniatura de motocicleta policial estilo Harley Davidson com um "patrulheiro" uniformizado. Só que o menino cresceu vendo pela TV os desfiles cívicos (com as incríveis pirâmides em motocicleta - Exército Brasileiro) com a presença da PRF; cresceu viajando por algumas rodovias onde as "guaritas" em amarelo e azul eram algo intangível até que um dia, já na faculdade, viu um colega de curso chegar uniformizado (após um extenuante plantão) para assistir aulas e pensou: por que não eu também?

Esse agora jovem, lá em meados de 2005, teve ainda uma provocação de sua irmã recém-empossada no cargo de Agente de Polícia Federal; me lembro exatamente a frase que ela me disse: por que você não começa a fazer concurso? Na minha ingenuidade misturada com imaturidade, não me interessei pelo tema, afinal de contas, queria terminar a faculdade e trabalhar como extensionista, aproveitando os anos "investidos" na faculdade. Ocorre que o tempo passou, esse jovem se formou e pelas voltas que o mundo dá, não conseguiu seu desiderato. Partiu então para a vida dos "concursos" e procurando ainda o seu rumo, eis que ouve mais uma vez sua irmã sabiamente falar: "faça o concurso da PRF, esse é o seu concurso!"

Em 2007 lá fui eu iniciar a caminhada visando o concurso da PRF, que era estimado para meados de 2008; dessa forma daria um bom tempo para assimilar o conteúdo e começar a aprender Direito. Nesse ínterim do início dos estudos até a realização da prova, eis que passei por 3 situações curiosas:

- Um dia quando acompanhava minha ex-namorada na porta de seu cursinho, vi se aproximar uma viatura GM/Blazer caracterizada da PRF que deslocava-se rumo a uma praça de alimentação (e tem gente que acha um absurdo, como se policial em serviço não tivesse o direito de comer). Naquele momento olhei e tive um Déjà vu; comentei: um dia serei eu em uma viatura dessas, numa situação idêntica! Ela incrédula e mostrando não conhecer essa pessoa que a acompanhava, não deu muita importância/manifestou-se.

- As outras 2 situações foram de fato sonhos (cientificamente falando) e ambos foram idênticos, um replay que custo acreditar que haja explicação plausível. Em dois períodos distintos, distantes, sonhei que chegava na casa da minha mãe ainda uniformizado, num intervalo de almoço do serviço, para fazer uma refeição com ela, que satisfeita e retumbante me recebia em sua humilde residência para com orgulho comermos e conversarmos sobre o plantão.

ACORDE

Até hoje é difícil acreditar que estou aqui no sonho materializado!
Numa situação bem peculiar, num plantão qualquer em Cascavel/PR em Março de 2010 (nenhum plantão naquela Unidade Operacional é "qualquer") me desloquei com mais 2 colegas a uma oficina autorizada para receber 2 motocicletas que estavam em manutenção. Quando do retorno, seguiam eles 2 na frente com uma Kawasaki mais uma Harley Davidson e eu atrás dirigindo uma GM/Blazer (péssima viatura, por sinal), ocasião em que passou um filme em minha cabeça: sim, era eu a estar conduzindo uma viatura PRF como naquele Déjà vu, só que com um plus: tendo 2 motocicletas épicas fazendo papel de batedores só para mim (rs). Incrível, foi um dos melhores dias da minha vida profissional.

Não menos importante, na verdade um dia inigualável, foi quando estive no Distrito Federal para participar de uma Operação Temática de Combate aos Crimes Ambientais onde participei como monitor e pude então realizar/materializar meu sonho. Como pude ficar hospedado na casa da minha mãe, Deus me oportunizou aquele encontro do sonhador, ops, Policial Rodoviário Federal uniformizado com sua mãe, mas não só para uma refeição, foi também uns dias de contato tão intenso, foi um brilho nos olhos tão único desse autor, foi um orgulho tão puro de sua mãe, que fica impossível descrever, deixa impossível inclusive a continuidade da narração. É sempre uma situação que me emociona!

Espero ter conseguido passar um mínimo do tão importante que isso é para a minha vida. Repito, não quero ser exemplo para ninguém, pois tenho mil defeitos, mas se servir de incentivo/estímulo para alguém, terá valido a pena esse texto.

PRFoxxx

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Concurso público é uma máquina de injustiça social


Autor de estudo que critica os métodos de seleção de funcionários públicos no País, professor da FGV propõe o fim das provas de múltipla escolha e das taxas de inscrição.

Os concursos públicos no Brasil não foram feitos para escolher os melhores candidatos. Essa é a opinião do professor de Direito da FGV Rio, Fernando Fontainha, crítico voraz do sistema que filtra os ocupantes de cargos públicos no País.

Para o acadêmico, a ideologia concurseira que se firmou ajuda a alimentar uma “indústria milionária de cursos preparatórios e um sistema de arrecadação que desvirtuou os processos seletivos”.
Boa parte destas críticas está no livro recém-lançado “Processos Seletivos para a Contratação de Servidores Públicos: Brasil, o País dos Concursos”, fruto de uma pesquisa do Centro de Justiça e Sociedade da FGV Direito Rio em parceria com a Universidade Federal Fluminense (UFF). Na obra, Fontainha propõe criar um marco regulatório para mudar radicalmente os critérios de seleção de funcionários públicos no Brasil.
O professor propõe, entre outras ideias, abolir as provas de múltipla escolha e acabar com as taxas de inscrição. No estudo, aparecem exemplos de provas em 20 órgãos federais, entre eles Banco Central, INSS, Polícia Federal e Receita. Para selecionar os candidatos com as competências mais adequadas, Fontainha sugere que a experiência profissional prévia seja requisito básico para inscrever-se no concurso.
iG – Por que, na sua opinião, os concursos públicos não são capazes de selecionar os melhores candidatos?
Fernando Fontainha - Os concursos no Brasil são autocentrados, voltados para si mesmos. Neles, impera a ideologia concurseira, que acontece em enorme prejuízo do serviço público brasileiro, sem dúvida alguma. Eles servem para selecionar os que mais se prepararam para as provas, e não os mais competentes. Isso reflete na qualidade dos serviços públicos no Brasil.

Como você sugere mudar esse sistema?

Existem duas maneiras de se averiguar os candidatos mais competentes: de forma profissional ou acadêmica. Criamos propostas provocativas de um novo marco regulatório, com 10 itens que passam pelo fim das provas de múltipla escolha e pela necessidade de expor as habilidades e competências exigidas pelas carreiras já no edital.

Você propõe acabar com as provas de múltipla escolha. Por quê?

Com certeza, esse tipo de prova não avalia bem o candidato, é uma prova cheia de macetes. Ela averigua capacidades completamente desligadas das competências acadêmicas. Não são provas de múltipla escolha que os alunos estão acostumados a fazer na faculdade e não elas não vão definir o que farão na carreira. As questões de múltipla escolha não avaliam nem competências acadêmicas, nem profissionais. Esse é o problema. Todo mundo sabe como se treina para essas provas em cursinhos. Você pega os truques e técnicas para escapar das pegadinhas.

Deveria haver uma prova prática para substituir o método atual?

Nós sugerimos que sim. Ou prova prática ou requisitos de experiência prévia. O médico do Ministério da Saúde faz apenas uma prova de múltipla escolha para ser admitido. A única exigência é de que ele seja bacharel em medicina. Isso é no mínimo questionável. Mas não quero parecer elitista.
O cargo de técnico do INSS, que pede ensino médio, e que em 2012 recebeu quase um milhão de candidatos, é alguém que fica atrás do balcão atendendo pessoas. Ele é avaliado por uma prova de múltipla escolha, com questões de direito previdenciário, português, informática. Mas a competência fundamental pra prestar um bom atendimento público não é avaliada, apesar de ser fundamental.

A ideia seria selecionar apenas pessoas com alguma experiência prévia?

Seria uma solução muito simples pra diminuir essa quantidade alucinante de inscritos e, com certeza, aumenta as chances de contratar pessoas que vão prestar um bom serviço. Exige que, para se inscrever, a pessoa comprove que tem cinco anos de experiência com atendimento ao público. Isso não é elitista, pelo contrário. Você exige que a pessoa demonstre que durante cinco anos ela foi caixa de supermercado ou balconista de farmácia por exemplo. Aquele sujeito que hoje tem condições de ser liberado para se preparar para os cursinhos não vai poder concorrer ao cargo, por exemplo.

Na sua opinião, os concursos públicos favorecem pessoas de nível social mais elevado?

O concurso público hoje é uma máquina de exclusão social, e não de inclusão. Esse sistema é voltado para quem tem tempo e dinheiro para pagar um bom cursinho. Pra quem pode pagar um bom colégio, que já no ensino médio ministra disciplinas para preparar o seu filho para os concursos da administração pública. Esse é um dos reflexos perversos da ideologia concurseira. Pra fazer cursinho, você precisa ter tempo. E ter tempo é poder não trabalhar. O brasileiro que sai do ensino médio e precisa trabalhar estará concorrendo em desvantagem com alguém que pode ficar só em cursinhos. É uma máquina de injustiça social.

Por que vocês acham necessário eliminar as taxas de inscrição dos concursos?

No Brasil, se acha natural pagar para fazer um concurso público. Mas não é assim em todos os países do mundo. Temos um capítulo no livro que mostra uma comparação com a França, onde ninguém nem compreende dizer que você vai pagar uma taxa para prestar um concurso. É um verdadeiro absurdo por lá, mas aqui é normal.

Mesmo com a taxa, os concursos recebem um grande número de candidatos…

Para essa máquina poder funcionar, é preciso haver um contingente enorme de pessoas que não param de fazer provas, uma atrás da outra. A ideia de vocação, de desejo de um cargo desaparece diante da ideia de que se vai sair fazendo vários concursos por aí, até passar em algum. Isso é ser um concurseiro profissional, faz parte da sua ideologia se inscrever para todos os cargos que puder. Ele não sabe se gostaria de trabalhar com previdência ou ser policial. Mesmo que não queira fazer aquilo da vida, vai pelo salário, pela estabilidade e por outras vantagens que a vida de funcionário público oferece.

Por isso vocês propõem também que o candidato não possa prestar mais de três vezes o mesmo concurso?

Sim. Isso acontece na França. Você só vai se inscrever se achar que tem condições reais de passar. Vai acabar com essa coisa de prestar por prestar. E inverte essa relação de cliente que existe nos concursos. Quando você instaura uma taxa, está privatizando a relação. Por isso é um problema grave no Brasil. O que se discute hoje não é a qualidade do serviço público e do recrutamento, mas o rol de direitos dos concurseiros. Acho que tem que haver esses direitos, mas o foco do concurso é pensar num recrutamento que vai ampliar a qualidade da prestação do serviço público. Esse deveria ser o foco principal.

As bancas examinadoras também precisariam mudar?

Sim. Dependendo do foco, dizemos que todo serviço público precisa ter uma escola profissional. Se você recrutou o candidato, agora tem que formá-lo. A menos que seja um concurso que já recrute profissionais gabaritados no mercado. Pela nossa proposta, metade da banca tem que ser formada por acadêmicos da área. Existem até membros de banca profissionais. A gente propõe que isso acabe. O profissional vai pra a banca e publica um livro que deve ser lido pelos candidatos. O ideal é que se ele participou de uma banca, tem que ficar dois anos sem participar de novo. No caso de um concurso de vocação profissional, que a banca seja composta por profissionais não acadêmicos com pelo menos 10 ou 15 anos de experiência comprovada na área.
Fonte: IG

PRFoxxx

terça-feira, 9 de setembro de 2014

Histórias de Rodovia - Fogo amigo

Não é de hoje que tenho o desejo de escrever sobre o tema, mas hoje aqui em casa, observando um objeto que me traz uma certa memória peculiar, resolvi tocar em um assunto que a todos interessa, seja ele um agente do Estado ou um cidadão comum: policial que joga no time do bandido.
 
O objeto em questão me remete lá ao ano de 2005, quando fiz minha primeira viagem ao Paraná de modo a acompanhar minha irmã em ocasião de posse/exercício em seu primeiro cargo público. Até aquele estado fomos dirigindo e fiquei de retornar no transporte coletivo; assim o fiz, mas nunca imaginei que aquela viagem marcaria minha vida. Infelizmente (ou felizmente) essa "História de Rodovia" em que fui coadjuvante, teve como protagonista um policial rodoviário (Polícia Militar de SP) e esse anti-herói até hoje me causa tristeza, mas faz com que eu tenha ânimo e coragem para escrever sobre o "lobo em pele de cordeiro".
 
Eu voltava de Foz do Iguaçu para Brasília em um ônibus de linha regular; passagem devidamente paga! Bagagem acomodada no compartimento inferior, contendo somente algumas poucas peças de roupas e muamba: 2 aparelhos de MP4. Nossa, 2 itens comprados no Paraguay te causaram problema, PRFoxxx? Sim, aqueles 2 aparelhinhos que me custaram uma "fortuna" (o equivalente hoje a R$ 45,00 cada) foram o estopim de um misto entre surpresa e revolta. Como fui um tanto prolixo, farei agora de forma direta a ligação entre o objeto, o autor e o coadjuvante dessa história: PRFoxxx transportava 2 aparelhos eletrônicos de valor ínfimo, legais, declarados na Receita Federal, mas no meio do caminho havia um bandido!
 
No município de Assis, interior de São Paulo, o ônibus foi abordado aproximadamente às 3:30 horas em um posto de polícia rodoviária, algo normal, visto que a fiscalização deve ser contínua e o fato de ser madrugada não é de forma alguma impedimento para que haja combate ao crime ou fiscalização de trânsito, sobretudo por ser aquele local rota de contrabando e descaminho. Errado está um agente da lei agir contra a lei! Não vou entrar no mérito da questão de discutir doutrina entre as polícias (hoje que conheço a do DPRF e noto diferenças gritantes para outras forças de segurança pública), ainda que eu negligencie o fato de a abordagem e revista em interior de bagagem ter sido executada sem o acompanhamento de um passageiro e o condutor do ônibus; mas o que importa aqui é o desfecho, qual seja: eu tive objeto furtado do interior da bagagem. Quem garantirá que fui somente eu o lesado? Quem poderá dizer o quão prejudicado pode ter sido outro passageiro eventualmente furtado como eu fui?
 
Com que certeza faço tal denúncia: por eliminação, verificando que durante toda a viagem não houve outra fiscalização com verificação/remoção de bagagem do veículo (ocasião em que seria possível retirar objeto do interior dos volumes), por conseguinte, deduzo que só pode ter sido naquele momento. Quando descobri: somente ao chegar a Brasília, quando ao desembarcar do ônibus notei a bolsa com um dos zíperes abertos e quando retirei a caixa do aparelho eletrônico, observei ter sido furtado junto aos acessórios e documentação.
 
Surpresa por ver como o ser humano pode ser tão baixo, revoltado por ter sido o provável ladrão justamente aquele que se propõe a combater o crime. Uma incoerência estatal!!! Sinceramente, que faz esse tipo de coisa é capaz de fazer algo muuuito pior, cometer desvios que não se pode imaginar.
 
Aquele aparelho eletrônico de valor irrisório para alguns, para mim representava o escape da "economia restrita" em que eu vivia (estudante ganhando menos de 1 salário mínimo), que numa oportunidade ímpar de estar no paraíso das compras do Paraguay, não viveu só de passar vontade e adquiriu um sonho de consumo (para alguns pode parecer besteira, mas para quem é fanático por tecnologia, aquilo era o auge). Representou no fim das contas e hoje fazendo essa reflexão, o estopim para estar do lado bom da lei e representar aqueles que anseiam por justiça, pois ainda acredito que o mundo é dos honestos.
 
Tomara que aquele que me furtou no fatídico dia não volte a prejudicar outros; no fim das contas me fez mais bem do que mal!
 
Cada coisa que acontece em nossa vida é uma oportunidade de tiramos lições; hoje aquilo só me motiva a fazer mais pelos cidadãos de bem e continuar a dar passos adiante enquanto os indignos caminham para trás rumo ao buraco da vergonha.

PRFoxxx