quarta-feira, 25 de março de 2015

Cadeirinha maldita

Pudera eu ter a capacidade de levar ao maior número de pessoas possível o brilhante artigo intitulado Apenas Um Auto de Infração, mas como sou um mero "guarda" que paga de blogueiro e tem um número limitado de leitores, continuo a realizar minha fiscalização de trânsito diária tendo como uma das prioridades a prevenção de acidentes/manutenção na vida, sobretudo quando se trata de crianças.
Foi numa dessa que no plantão anterior, já quase no seu fim, resolvi ficar ali do lado de fora do Posto PRF e eis que, de repente, vem uma caminhonete cuja passageira do banco dianteiro ostenta sobre seu colo uma criança, como se uma bolsa fosse.
Obviamente dei sinal de parada, prontamente atendido pelo condutor. Senhor distinto, bem vestido, educado ao ser interpelado, mostrando-se "conformado" ao ser abordado por este agente, mostrando-se nada surpreso ao ver que "a casa caiu". Lúcido acerca da gravidade de sua conduta, apesar de não ser ele a ostentar a criança desprotegida, mas tinha a noção de que o condutor assume solidariamente a responsabilidade, visto que ela é inerente a todos os ocupantes do veículo.
Até esse momento, nada de novidade, até que ao ser informado da necessidade de cumprimento da Medida Administrativa prevista em Lei - 9.503/97 o CTB e Resolução Contran 277/08 - entra em cena a passageira, sua esposa, que poderia muito bem passar-se por uma ariranha em defesa da cria. Ops, aos gritos essa senhora tentava mostrar para os agentes de serviço que aquela autuação seria absurda, sem importância, meramente impeditiva de exercício do Direito de Transportar seus filhos da forma como ela achava segura, ignorando toda forma de estudos técnicos desenvolvidos até hoje para garantir a segurança dos ocupantes dos veículos, seja no que determinou a obrigatoriedade do cinto de segurança (o qual ela não usava), seja na previsão de dispositivo de retenção adequado para os menores de 7,5 anos.
Necessidade de afirmar seu repúdio a qualquer forma de regras sociais? Vontade de afrontar o conhecimento técnico do agente fiscalizador? Confirmação da sua falta de habilidade maternal (visto já ter um filho preso por diversos crimes, dentre eles tráfico de entorpecentes)?
Acredito ser uma mistura de tudo isso com uma pesada dose de prepotência de gente chucra, que acredita que acidentes só acontecem com os outros.
Debaixo de seu saiote e blusa de manguinhas moda evangélica, quase uma Burca, aquela senhora ignorou todos os princípios cristãos que seu marido prega e ela tenta estampar que os segue, praguejou contra a minha pessoa e de forma implícita, desabonou a função social do nosso trabalho.
Quase morri de preocupação! Não pelo que ela fez conosco, mas sim por ver que das lições oferecidas pela vida, aquela pobre senhora nada aproveitará.
Tranquilo porque fiz minha parte, mas desesperançoso por saber que não lhe bastou um filho enjaulado, quer aplicar aos outros dois a pena de morte no trânsito.

PS: texto agnóstico. Respeito todas as religiões/crenças, não respeito é gente ignorante que subestima inteligência alheia e invoca religião/religiosidade para se esquivar de obrigações e negar princípios dos quais diz ser seguidor(a).

PRFoxxx

5 comentários:

  1. Mais um dia de plantão e uma verificação de que (na minha opinião) não terá fim....crianças correndo risco de vida, e detalhe, sem elas mesmo saber...
    Se não me engano, você PRFoxxx, já postou em outras vezes que o mesmo acontecera e tal condutor "ouviu" uma lição de vida da sua pessoa, onde você exemplificou ao mesmo e me lembro muito bem num detalhe da sua explicação: "o senhor poderia não estar aqui hoje, mas daqui 1 ou 2 dias num velório e lembra que esse mero guarda, esta evitando esse momento "solene"..."
    Enfim, como você falou no final do post, segue seu trabalho e cumprimento da função e até mais breve....
    Obrigado pelo post "dia a dia"
    Abraço!!
    Owl Road

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  2. Apesar de que uma só andorinha não faz verão, continuamos na missão por uma simples questão de consciência tranquila, pois da sociedade só recebemos ingratidão; do governo, nem mesmo meu salário tem saído no dia correto (mas as contas chegam tds com pontualidade)... é assim mesmo, camarada!

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  3. Cara, por que é sempre a mulher que faz escândalo?

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  4. Cara, por que é sempre a mulher que faz escândalo?

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  5. Bom tópico.
    Que pais e mães são estes?
    Caro PRF do Norte, sobre sua pergunta, esta é uma característica feminina já amplamente documentada e explicada.
    Quando a mulher está errada, ela tenta reverter a situação criando alguma forma de embaraço para quem está abordando.
    Assim, ela pode começar a bater boca indo para todo tipo de assunto não relacionando (e culpando o agente), se estiver sem documento vai começar a tirar e colocar dentro da bolsa aquele monte de coisas que tem lá dentro, revirando o máximo possível e acusando o outro de está-la deixando nervosa, vai chorar e se fazer de vítima (o que toda mulher consegue facilmente), enfim, vai usar todas as táticas possíveis para tentar desviar a atenção ou aborrecer a outra pessoa até que esta desista.
    Como você disse, vai fazer o maior escândalo.
    Lermbro de uma destas séries norte-americanas que mostram casos de perseguição policial, e mostrou um caso destes, e fizeram bem em explicar tudo que ela fazia. Estava sem habilitação, em alta velocidade. Fez tudo isto que foi falado acima e o policial se manteve impassível perante toda encenação, mesmo quando ela passou a atirar para fora do carro todo tipo de coisa, sempre tritando que era ele o culpado pela situação.
    No caso apresentado, foi só mais uma demonstração de que a segurança própria e a dos filhos na verdade era secundária, já que também não usava o cinto.
    Saudaçõe e continuem o bom trabalho.

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