Em 2011 li um texto interessante publicado por uma colega em um fórum de internet e que se disseminou de forma espantadora, impressionante. Quando a conheci logo depois, comentei do impacto da publicação que até mesmo ela desconhecera; ficamos um tempo a conversar sobre o assunto e hoje vejo um paralelismo imenso entre o seu mote e a finalidade do meu blog. Transcrevo a seguir, sem edições, para que possam apreciar.
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Olá, eu sou uma Policial Rodoviária Federal! Quando entrei na minha
amada instituição, a Polícia Rodoviária Federal, achei que eu fosse
mudar o mundo, sabia? Não digo o mundo todo, mas achei que eu teria
forças para fazer alguma diferença na sociedade. Eu sempre fui honesta e
correta, e embora a sociedade pense que a maioria dos policiais são
corruptos, baseada nos polici...ais que eu conheço e com os quais já
trabalhei, vou parodiar o que uma famosa marca diz em sua propaganda:
“os bons são maioria!”
Meu trabalho não é e nunca foi fácil. Meus
amigos e familiares pensam que eu posso tomar um tiro, mas eu digo que é
muito mais fácil eu ser atropelada em serviço ou bater a viatura do que
tomar um tiro. Para minha felicidade, eu tenho um Deus maravilhoso que
me protege e sempre me protegeu. Sim, eu já sofri acidentes no trabalho,
foram três. Inclusive tenho um disco de titânio na minha coluna, mas
Deus me livrou do pior.
A minha amada Polícia combate muitos
crimes e é formada por muitas pessoas de boa vontade, tanto na área fim
(a pista) quanto na área meio (a administração). Claro, como em todo
lugar, também existem os preguiçosos, os vagabundos e os pilantras.
Felizmente, muitos já foram expulsos da minha polícia e hoje podem
pensar melhor no que fizeram. Injustiças também já aconteceram, como
acontece em qualquer lugar.
Mesmo combatendo muitos crimes e
evitando que toneladas de drogas e muitas armas e munições cheguem às
mãos de traficantes todos os dias, o maior trabalho da minha polícia é
salvar e proteger vidas. Milhares de colegas meus assumem seus plantões
em várias rodovias do Brasil todos os dias. Muitos gostam mais de
combater a criminalidade e apreender drogas, pois se sentem mais
policiais assim, mas infelizmente passamos muitas horas trabalhando em
atendimento de acidentes que poderiam ter sido evitados se o motorista
brasileiro (generalizando) tivesse o mínimo de educação, bom senso e
respeito às leis de trânsito.
Vocês podem estar pensado, “mas
como um policial rodoviário federal salva uma vida?” e eu te respondo:
nós salvamos vidas quando multamos! Infelizmente, nossa sociedade é
movida pelo medo do castigo e da consequência, e não pelo desejo de
fazer o certo, que é cumprir as leis de trânsito. Ora, se um motorista
inconsequente vê uma viatura da PRF, ele não vai ultrapassar pela faixa
contínua nem trafegar pelo acostamento, porque a multa é cara e dói no
bolsinho dele. Mas veja bem, não somos deuses nem temos a pretensão de
sermos, e somente Deus consegue estar em vários lugares ao mesmo tempo. O
que isso significa? Significa que enquanto uma equipe nossa está
atendendo um acidente e outra está encaminhando um motorista bêbado para
a delegacia, nosso trecho está “entregue às moscas” porque nunca haverá
efetivo suficiente de policiais nas nossas rodovias!
Nosso maior
problema não são os assaltantes, traficantes, homicidas, etc. Eles
também são um grave problema, mas o nosso pior problema, o nosso
calcanhar de Aquiles, é o famoso “cidadão”. Esse é o pior de todos!
Cheio de direitos, mas sem nenhum dever, o “cidadão” pensa que pode
beber e dirigir porque algum “adevogado” falou pra ele que ele não
precisa “produzir provas contra si mesmo”, logo, não precisa soprar o
bafômetro! E o pior de tudo é que nossos “ilustres” legisladores, que
com certeza nunca perderam um ente querido no trânsito, aprovam leis
cada vez mais frouxas para garantir o tão “precioso” direito do cidadão
de não produzir provas contra si mesmo. Isso faz com que outros cidadãos
percam direitos muito mais importantes, inclusive o direito à vida!
Nós,
policiais, ficamos de mãos atadas face a toda a burocracia da nossa
máquina estatal e toda a frouxidão de nossas leis. Sem falar que
enquanto isso, estamos sendo observados, filmados e fotografados como
animais em um zoológico. Sequer podemos ter algum vislumbre de
sentimento, revolta e opinião. Imagine uma viatura paradinha no
acostamento de uma rodovia atendendo um acidente e um caminhoneiro
bêbado passa correndo com sua carreta, não consegue frear e o policial
tem que se jogar no mato pra não ser atropelado. Quando o policial tem a
sorte de sair ileso, ele não vai falar palavras doces para esse
caminhoneiro. Sim, nós ficamos com raiva, também temos esses sentimentos
“mesquinhos”. O policial que quase perdeu a vida, de repente é filmado e
vai parar em algum jornal sensasionalista porque ofendeu os “direitos
humanos” de um pobre motorista, um “cidadão de bem”, que não mata nem
rouba por aí. Os papéis se invertem e o vilão da história passa a ser o
mocinho, enquanto a verdadeira
vítima passa a ser o vilão.
Alguns
policiais não têm a mesma sorte desses que levantam furiosos. Eles
morrem. Suas famílias passam então a brigar na justiça por uma punição
justa que nunca acontece. Algumas pessoas ainda pensam: “Ah, era só um
policial, ele é pago pra correr riscos!” Nossa sociedade é tão
hipócrita... quando querem barbarizar no trânsito, querem a viatura
longe, mas se eles batem na mureta com o brinquedinho que eles usam pra
correr, querem uma viatura ali, pra ontem! Nossa sociedade é tão
hipócrita que nos chama de corruptos, mas na hora de tomar a multa já
vão abrindo a carteira pra tentar nos subordar e depois ficam dando piti
quando são presos por isso, chamam o “adevogado”, esperneiam, porque no
fundo no fundo, amam os corruptos que aceitam uma “oncinha” e deixam
eles ir embora.
Nosso maior vilão é aquele pai de família que vai
viajar no feriadão, cheio de pressa e faz uma ultrapassagem mal feita
porque não tem paciência nenhuma de esperar. Um segundo de decisão e uma
vida inteira de arrependimento pela frente. Nosso maior vilão é aquele
filhinho de papai (pode ser filhinho de deputado, de juiz, de banqueiro,
de dono de emissora de televisão) que quando é abordado com seu
cigarrinho de maconha no carro, liga logo pro papai que tenta tirar ele
de mais um “probleminha”.
Também temos como inimigo ou amigo,
dependendo das circusntâncias, a imprensa, que após um feriadão
prolongado com muitas mortes no trânsito, vêm nos perguntar “mas o que
houve?”. Ora, vá perguntar para seus leitores ou telespectadores o que
houve! A maioria deles tem carro e viajou no feriadão. Boa parte dos
acidentes foram causados por eles. Experimenta parar de hipocrisia e
sensasionalismo e conta pra seus clientes, sua fonte de renda, que a
culpa é deles!
O egoísmo tem sido nosso maior vilão. O motorista
brasileiro é como uma criança mimada que acha que pode tudo, e que tudo
tem que ser dele. O resto, ah...o resto que se dane! O anonimato que
algumas pessoas adquirem dentro de seus possantes carros os deixam à
vontade para descontar todas as suas frustrações e complexos. Eu, que
achei que ia “mudar o mundo” quando entrei na polícia, hoje estou
cansada, sem paciência. Nós, policiais, não vamos conseguir nada
sozinhos. Enquanto a sociedade achar que somos seus “empregadinhos”, que
somos inconvenientes na hora da multa, mas necessários quando são
assaltados ou batem seus lindos carrinhos, não teremos forças para mudar
nada. Não estou com isso, tirando nossa responsabilidade sobre a
questão dos acidentes, mas afirmo novamente, sozinhos, não vamos
conseguir!
Você, que hoje critica a polícia, preste atenção no
que você está fazendo. Você que dirige em alta velocidade e atropela
alguém, é um assassino sim. Você que bebe e dirije, também é um
criminoso. Você que fuma teu “inocente” cigarrinho de maconha, financia o
tráfico sim. Não vem com teu papinho cabeça de que é apenas um
“usuário” porque pessoas morrem todos os dias por causa do teu uso
“recreativo” de drogas.
Cidadão, antes da falar mal da polícia,
pense no que VOCÊ está fazendo pela tua sociedade. Nem tudo o que você
faz é tão inocente assim. Acorda e para de viver no teu mundinho
egoísta. Assuma tuas responsabilidades e teus deveres antes de querer
pensar em cobrar teus direitos. Seja homem suficiente, seja mulher
suficiente. Dê educação para teus filhos, que amanhã estarão dirigindo
por aí. Não jogue o peso da tua culpa em cima das costas de policiais
que estão cada vez mais limitados pela legislação.
Autor: Letícia Zacca
Texto simplesmente PERFEITO!!
ResponderExcluirP-R-F, BRASIL!!!!
At,
@SagaFedearl
Basta ler, refletir e "ser"...
ResponderExcluirSegundo amigo acima, grito junto:
"PRF...Brasil!!"
Abraço
Eu já havia lido esse texto e não pensei 2 vezes para ler novamente. Pode-se ver através do português/redação quem tem capacidade para ser um Policial Rodoviário Federal.
ResponderExcluirExcelente texto!
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