Juiz manda soltar 58 condenados que cumprem semiaberto em Formosa (GO)
Homicidas, assaltantes e traficantes, que cumprem pena no regime estão desobrigados de dormir na cadeia goiana desde sexta-feira. Ministério Público vai recorrer da decisão, que propõe três horas de estudo em troca da liberdade
Dentre os vários motivos que me fazem perder preciosas horas de sono frequentemente, está a incerteza do meu futuro como policial e cidadão. Como policial, é desesperador conviver com o dilema de continuar nessa missão sem ter perspectiva de melhora em amplo aspecto, que começa da ¹evolução da remuneração para (minimamente a reposição prevista na Constituição Federal) compensar as perdas derivadas da inflação/redução do poder de compra, passando pelo caminho quase que sem volta da ²degradação da figura da polícia perante a sociedade hipócrita e vingativa, terminando na ³supressão dos meios de atuação policial provocado pela tendência da alteração de legislação combinada com o novo paradigma da sociedade dos direitos dos marginais (à margem da lei).
Exemplificando
1- Remuneração defasada: pensei em falar inicialmente da remuneração das Polícias Militares ao longo do país, mas não encontrei tabelas fidedignas à realidade; porém uma coisa é fato: há estados em que um SdPM recebe menos da metade do que outros que estão no topo da lista. É justo isso? Trazendo para a nossa realidade, há pouco tempo estávamos em mesa de negociação com o MPOG, realizando exposição de motivos e tínhamos do governo um "troféu joinha" pelos números apresentados (prisões, apreensões, redução de acidentes e etc), concomitantemente o governo jogava na cara: "vocês são a carreira de nível médio mais bem remunerada, não fazem jus a aumento". Se olharmos para um passado não muito distante, éramos o mesmo efetivo que hoje (mesmo com a criminalidade e a demanda de trânsito se multiplicando em Progressão Geométrica) com um salário que correspondia a algumas vezes o salário mínimo vigente. Hoje causamos o mesmo "impacto" na folha do governo (diferente do que pregam uns combatentes do inchaço da máquina pública), porém a remuneração corresponde a menos vezes o salário mínimo, ou seja, redução do poder de compra, sobretudo se considerarmos a inflação instalada no país há anos maquiada pelo governo do PT.
Sempre fomos e continuamos a ser carreira típica de Estado, mas hoje somos o primo pobre do Executivo Federal, com a remuneração mais baixa dentre os cargos de Nível Superior. É justo isso? Ah, mas a PRF é a polícia que mais apreende entorpecentes no país, dá conta de cuidar de centenas de milhares de quilômetros de estradas e rodovias federais por esse país de dimensão continental, e o faz com esse efetivo, que está se deleitando num "Orgulho de Pertencer". Orgulho de ser mal valorizado, de ter que encolher o já restrito padrão de vida e viver privado de recursos? Não basta degradarmos nossa saúde em plantões que às vezes não nos permitem comer na hora correta, descansar o corpo e a mente; ainda temos que viver aquém do ser humano médio, que tem direito a uma vida com lazer, boa alimentação e etc porque o salário não nos dá essa chance?
2- Degradação da figura da polícia: só não vê quem não quer: há um processo histórico e irreversível da degradação da imagem policial. Nesse ponto há que se fazer necessária ressalva de que muitos erros históricos em doutrina policial (sobretudo no militarismo) que levaram a desfechos inaceitáveis e a criação de um ranço social pela atuação dos órgãos de segurança pública. PORÉM isso não é justificativa para estarmos no ponto em que chegamos hoje. Já parou para reparar como a postura da sociedade hoje é quase que em sua totalidade reativa à abordagem policial?! Exemplo disso foi uma entrevista recente ao Fantástico concedida por uma brasileira que vive em Paris; quando discorria sobre a atuação policial naquela situação, fez uma curiosíssima observação no sentido de que a voz de comando policial era obedecida de forma geral, inclusive por ela, que evidencia que caso estivesse no Brasil teria uma postura diferente, ou seja, de contestação, de confrontar a ordem policial como se ela não fosse legítima/legal/autoexecutória. Ocorre que isso se tornou uma constante no nosso meio. Por vários motivos, hoje vivemos num ambiente de contestação gratuita da atuação policial; celulares sempre ligados para flagrarem alguma "brecha" na abordagem (vide inúmeros vídeos alarmistas no Youtube, Facebook e Whatsapp). É impressionante a capacidade que o brasileiro tem de querer ir à forra sobre a polícia, lavando sua alma pelos seus próprios estigmas.
Há tempos vi um parente xingando a polícia (generalizando) por causa de uma abordagem policial. O que ele fez me ofendeu profundamente, visto que na nossa família temos inúmeros policiais de todas as Forças em vários estados e é sabido por toda a família (inclusive ele, que é pessoa esclarecida) que somos todos honestos, dignos e que este é nosso trabalho. Se ele (e todos que assim o fazem) teve problema com algum policial em específico, que não faça generalização e não alimente essa sua ira contra o remédio amargo da democracia. Em todos os segmentos da sociedade e profissões há os maus profissionais, tal qual há os bons, dedicados e justos!
Outro episódio que me deixou chocado foi um vídeo gravado por um adolescente "rolezeiro" numa estação de Metrô (não sei em qual estado) que tem circulado no Facebook. Nele um número elevado de sementinhas do mal se insurgem contra Guardas Civis que estavam ali pela manutenção da ordem e segurança. No plano de fundo pode-se ouvir gritos do tipo "você encostou numa de menor", concomitantemente partem para ataque àqueles profissionais que estão ali em prol da coletividade e que são profissionais treinados/capacitados em trato com seres humanos (pelo eufemístico princípio da Dignidade da Pessoa Humana), mas que foram confrontados por animais que não respondem penalmente pelos seus atos, que se amparam na legislação garantista promovida de forma absoluta por pessoas que não vivem aqui no mundo real; que criam monstrinhos maldosos que perpetuarão valores sociais terríveis para sua prole.
3- Supressão dos meios de atuação policial: sobre esse assunto já cheguei a tocar aqui em algumas publicações recentemente, mas agora torna-se mais oportuno ainda falar sobre o estrangulamento (mordaça, amarração de pés e mãos) da polícia pelo fato de o Senado ter aprovado a Lei que obriga o uso prioritário de armas não letais nas ações policiais (Leia mais). De certa forma isso já estava consolidado em doutrina policial, sobretudo porque o Brasil é signatário de tratados internacionais que tratam do assunto. Concordo que com isso o país prepara/induz o policial a tratar de forma mais humana, menos letal, a questão da criminalidade, PORÉM, não preparou a criminalidade para lidar com essa polícia cidadã. Isso não é um detalhe: esse é o cerne da questão. Não adiantou desarmar a sociedade com o Estatuto do Desarmamento, não vai adiantar obrigar os policiais a usar Espargidor de Pimenta/Munição de Elastômero/DCE-Taser quando tiverem que confrontar bandidos com Carabinas 5.56, Fuzis 7.62 ou uma Metralhadora .50. Hoje qualquer "assaltante em início de carreira" porta uma Pistola calibre 380, enquanto alguns agentes de segurança tem acesso a um revólver calibre 38 cautelado, que tem que deixar no armário do posto quando vai para casa... É justo isso? Nunca será justo, até porque a política de vigilância de fronteira do país (que minimizaria a entrada de ilícitos, sobretudo armas e entorpecentes) é uma piada sem graça. Diferentemente dos favoráveis da auto-defesa diante do fracasso do governo em desarmar o bandido, não sou favorável ao porte de arma pelo cidadão comum, mas a indignação com esse fracasso é imensa.
Onde é que entra então o "enxugar gelo", PRFoxxx? Está provado por A+B que policial que trabalha corre risco, inclusive e predominantemente de "se ferrar. Já publiquei um texto sobre o assunto (Polícia de covardes), mas a cada dia que se passa, a certeza de que caminhamos para a extinção da paz social e os bandidos tomarão conta.
PRFoxxx
Achei que não postaria mais!
ResponderExcluirTambém pensei isso no momento em que vi a entrevista com a brasileira em Paris. A referida senhora ficou admirada com a postura do povo Parisiense em relação à ordem policial, quando deveria ficar de fato espantada é com a falta de educação que ocorre no Brasil!!
Às vezes dá vontade de parar, sério. Mas ao mesmo tempo em que tenho um compromisso com vocês leitores, tenho também uma necessidade comigo mesmo de fazer esses desabafos que vários policiais acuados precisam, mas nem sempre tem coragem para publicar. Meu Blog sempre foi de incentivo à carreira policial, mas ultimamente tem servido de alerta para os "aspiras", concomitantemente uma provocação para a sociedade refletir sobre o caminho em que ela está seguindo. É temeroso nosso (o dos bons e justos) futuro como policiais e também como cidadãos.
ExcluirOpa..Que bom arrumou tempo para escrever...
ResponderExcluirNão adianta, passa-se o tempo e nada muda e como falou no final, logo seremos uma Colômbia ou México em que o tráfico dominará e na minha (humilde) opinião, nosso crime organizado vai ser mais inteligente do que os países citados...
Se cuida e só resta dizer: "que Deus proteja o dia a dia"
Abraço
Cara, mais uma vez obrigado pela atenção! Só Deus na causa mesmo...
Excluir