segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Dos passos no campo de batalha

Era uma vez um sujeito comum que resolveu entrar para a "carreira policial" como tantos outros jovens idealistas desejam.

Acreditou poder mudar o mundo com suas boas intenções.

Estudou Direito, viu como o cenário legalista seria um interessante campo de trabalho; desejou aplicar as Leis, mas antes de qualquer coisa, segui-las!
Enfrentou forte batalha:
- como seguir/cumprir as leis espalhadas por um campo minado e sem trincheiras; com crateras profundas e inimigos por todos os lados?
- como fazer cumprir a lei se não dispõe sequer de recursos para sobreviver no caos?

Eis que num desses tiros levados no campo de batalha, o impacto fez mais do que jorrar sangue, fez sacudir a cabeça e desencadear processos de lucidez (ou será de delírio?).

O combatente viu que se continuasse a enfrentar aquela guerra, só teria 2 destinos: a morte por um ideal, ou a deserção para poder viver, sobreviver.

Escolheu desertar! "Nossa, que desonroso"; "eu teria vergonha"; "o que os seus filhos vão pensar?".

Desertar não é desonroso quando a batalha está perdida!
Vergonha é de ter acreditado que aqueles que nos colocam no fronte estão lá do outro lado rindo da desgraça alheia e desfrutando do conforto do mundo dos semi-deuses.
Os que seus filhos vão pensar não vem ao caso; eles simplesmente estarão vivos para pensar; se estarão vivos é porque você os protegeu. O que eles pensariam de ver um pai aniquilado por um ideal que já nasceu morto, ah isso eu sei!

Das convicções acerca da missão não se afasta, tão pouco abaixará a arma; muito pelo contrário: se qualificará ainda mais para enfrentar sozinho daqui para frente um avanço solitário rumo ao objetivo, que é morrer de velhice, tendo chegado lá na frente e concluído que fez o melhor pelos seus, pelos que merecem, por quem nunca o menosprezou.

Sociedade, toda vez que precisar desse combatente e não o tiver disponível, pense: quem apertou o gatilho lá do outro lado e o acertou com aquele tiro? Quem forneceu a munição? Quem o arrastou depois da queda e deu o socorro? Não estranhe se para todas essas perguntas a resposta apontar para você!

O combatente leva tiro, leva porrada, leva uma mochila cheia de ingratidão até uma hora que ele cansa... as forças esgotam, os delírios causados pela morfina o fazem ter a lucidez necessária de que fazer o "frente para retaguarda" e seguir a rota da omissão é mais do que uma escolha, é uma necessidade.


PRFoxxx

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