Acorda-se cedo, toma-se um café da manhã, veste-se a roupa, pega-se o carro e ganha-se o mundão!
Linda história para um domingo ensolarado, ainda mais em se tratando de um dia especial: o dia dos pais.
Ops, mas faltou um verbo (ou um conjunto deles) na primeira frase: o verbo poderia ser qualquer um, mas escolhi um que é bem usual para meu linguajar mineiro-caipira, que é o tomar.
Mas tomar o que, "seu guarda"? Tomar juízo! Acho que lá no meio daquela frase caberia qualquer outro verbo, desde que no sentido de adquirir e usar a bendita da consciência.
Mais uma ver chega de circunlóquio e vamos ao que interessa: o fato, que dessa vez nem virou notícia, tão banalizada está a questão de acidente de trânsito envolvendo condutor/passageiro sem cinto de segurança aqui na região norte desse país qualquer, que faz fronteira com o Brasil e Pará.
Equipe PRF composta por PRFoxxx e Echo Alfa solicitada para atendimento de acidente com "vítima agonizando no asfalto", conforme declaração dos informantes (formou fila na frente do posto para informar, o que nem sempre é comum). Equipe rapidamente chega ao local e vê aquele cenário caótico com veículos estacionados em diversas posições e lá no epicentro uma vítima (seria um motociclista?) caído no chão com um aglomerado de "curiosos" a rodeá-lo. Corpo de Bombeiros Militar (que merece todo o nosso respeito) acionado e providências iniciais adotadas; vítima com sinais vitais escassos, suspeita de hemorragia interna e TCE (trauma crânio encefálico). Espectadores inertes (que não merecem nossa atenção) enquanto a equipe tenta segurar a morte com as mãos (revestidas por luvas cirúrgicas). Tempo, precioso tempo, que permitiu que aquela vítima fosse levada até a unidade de saúde pública ainda com vida, restando assim a possibilidade de aquele pai que iria visitar seu filho na próxima cidade ainda pudesse fazê-lo.
Conforme relatos de testemunhas que estavam presentes na ocasião da ocorrência, aquele corpo ainda animado proferia palavras que faziam menção a uma visita ao filho naquele dia especial. Não o fez, não concluiu seu desiderato, pois esqueceu (ou não quis adicionar propositalmente) o verbo à frase inicial desta publicação.
Reflexões
Passada a tentativa surreal de segurar a morte com as mãos, para esse corpo efêmero volta o pensamento, a razão; gera a reflexão. Reflexão gera questionamentos!
Ora, pois se aquele veículo acabara de passar pela unidade PRF da qual partiram os atendentes de seu atendimento, onde com certeza seria abordado/fiscalizado e autuado caso não estivesse a usar o cinto de segurança, por que ele não estaria a usar o dispositivo obrigatório? O que leva uma pessoa a colocar o cinto de segurança somente ao passar por um blitz/posto policial e depois retirá-lo/deixar de usá-lo? Quando uma pessoa conhecedora do certo opta por proceder ao errado, qual será seu intuito, transgredir a lei por um prazer íntimo ou driblar a fiscalização para ter a (in)consciência de que é mais esperto que o agente fiscalizador/autoridade?
Sinceramente nunca entenderei o ser humano, pois já desisti de procurar razão em uma pessoa abdicar de cuidar da própria integridade, de jogar fora um bem que Deus nos outorgou como inalienável, que é a vida. E mais, a partir do momento em que o sujeito tem filho, ele passa a ser responsável por uma outra vida além da sua.
Há menos de 20 minutos recebi a notícia de que aquele corpo animado, que ainda respirava (mesmo que ofegante e gemendo), que apresentava múltiplas fraturas, não mais reveste um espírito, uma alma; não chegará ao seu destino; não permitirá que aquela criança o abrace e que caminhe de mãos dadas rumo ao seu futuro.
Virou estatística, virou saudade!
Caminhão no qual colidiu o automóvel, que capotou e lançou para fora o condutor (sem cinto de segurança) |
PRFoxxx
A realidade é cruel. O trabalho do PRF é muito criticado, mas esse caso mostra um pequeno exemplo da importância da fiscalização. Não se culpe, companheiro, o efetivo é ainda muito pequeno para cobrir esse Brasilzão.
ResponderExcluirtriste.
ResponderExcluirmas enquanto não houver a consciência de que o cinto é para o PRÓPRIO bem e não para a polícia ver, a realidade não vai mudar.